Dilatações Endoscópias

Tratamento de Estreitamentos (Estenoses) do Trato Digestivo

Algumas condições podem causar o estreitamento de partes do tubo digestivo, dificultando a passagem de alimentos, líquidos ou até mesmo da bile. Isso pode ocorrer tanto nas partes superiores do sistema digestivo (como esôfago, estômago e duodeno), quanto nas inferiores (como o cólon). A dilatação endoscópica é um procedimento minimamente invasivo, feito com auxílio de endoscópios ou colonoscópios, que permite alargar essas regiões estreitadas, aliviando sintomas e evitando cirurgias mais complexas em muitos casos.

Como é feita a dilatação?

Existem duas técnicas principais:

• Balão hidrostático: um balão vazio é posicionado na área estreitada e então preenchido com água ou ar, até alcançar a pressão e o diâmetro desejados. Isso força a região a se expandir de forma controlada.

• Velas termoplásticas (ou sondas): são tubos de espessura crescente que passam gradualmente pela estenose, dilatando o canal ao longo das sessões.

Dilatação do Cólon (Intestino Grosso)

O que é estenose do intestino?

É o estreitamento parcial ou total do intestino grosso (ou, em casos raros, do intestino delgado), que dificulta ou bloqueia a passagem do conteúdo intestinal.

Principais causas:

1. Tumores: podem obstruir o intestino. O tratamento costuma ser cirúrgico, mas em casos avançados, uma prótese auto expansível pode ser colocada por colonoscopia para aliviar a obstrução ou preparar o paciente para cirurgia futura.

2. Estenoses benignas: inflamações crônicas (como Doença de Crohn, Retocolite Ulcerativa), colite por radioterapia, infecções ou cicatrizações pós-operatórias podem causar estreitamentos. Nesses casos, utiliza-se a dilatação endoscópica com balão.

Dilatação do Esôfago

Quando é indicada?

Quando há dificuldade para engolir alimentos ou líquidos, causada por estreitamento do esôfago. As causas mais comuns incluem:

• Inflamação crônica por refluxo ácido

• Anel de Schatzki (tecido fibroso benigno)

• Acalasia (alteração dos movimentos do esôfago)

• Ingestão de substâncias corrosivas (como soda cáustica)

• Tumores benignos ou malignos

Métodos utilizados

• Sondas de calibres progressivos (velas termoplásticas)

• Balões insufláveis com água durante a endoscopia

• Balões pneumáticos especiais no caso da acalasia


Em casos específicos de acalasia, também pode-se utilizar injeção de toxina botulínica (botox). Se não houver resposta ao tratamento endoscópico, pode ser necessária cirurgia (miotomia).

Dilatação do Piloro

O que é o piloro?

É a válvula que liga o estômago ao intestino delgado (duodeno), controlando a saída dos alimentos.

Causas de estenose do piloro:

1. Estenose hipertrófica do recém-nascido: tratada com cirurgia (piloroplastia).

2. Tumores do estômago: podem bloquear o piloro. Tratamento pode incluir cirurgia, prótese ou derivação gástrica.

3. Úlceras com cicatrização excessiva: tratadas com dilatação com balão. Se as dilatações não forem eficazes, a cirurgia é considerada.

Estenoplastia

Quando a estenose é tão severa que os instrumentos não conseguem atravessar, realiza-se a estenoplastia, que consiste em:

• Pequenos cortes na região estreitada, feitos com um estilete passado pelo endoscópio

• Pode ser seguida da injeção de substâncias como corticoides para prevenir o fechamento precoce

Complicações Possíveis

A dilatação endoscópica é geralmente segura e bem tolerada, mas, como todo procedimento médico, pode ter riscos:

• Sangramento leve é comum. Casos mais intensos são raros.

• Perfuração da parede do órgão (mais raro): pode exigir cirurgia.

• Infecção: geralmente localizada, mas pode se espalhar em casos mais graves.