O baço é um órgão localizado na parte superior esquerda do abdome. Ele tem papel fundamental na filtragem de glóbulos vermelhos danificados e na produção e armazenamento de células de defesa (glóbulos brancos), sendo, portanto, parte essencial do sistema imunológico. A esplenectomia é a cirurgia que consiste na remoção parcial ou total do baço. Pode ser indicada com finalidade curativa, diagnóstica ou de estadiamento de algumas doenças.
A esplenectomia pode ser indicada tanto em situações eletivas quanto em urgências, como em casos de trauma com ruptura do baço.
Entre as principais indicações eletivas, estão:
• Trombocitopenia imune (idiopática)
• Esferocitose hereditária
• Anemia hemolítica autoimune
• Trombocitopênica trombótica
• Anemia falciforme
• Linfoma
• Leucemia
• Abscessos esplênicos
• Câncer primário do baço
• Outras doenças hematológicas benignas ou malignas
Na maioria dos casos, o procedimento é realizado por via laparoscópica, uma técnica minimamente invasiva. Pequenas incisões são feitas no abdome, por onde são introduzidos os instrumentos cirúrgicos e uma câmera. A laparoscopia proporciona menor dor pós-operatória, menor cicatriz e recuperação mais rápida.
No entanto, em situações emergenciais — como traumas com sangramento ativo — pode ser necessário realizar a esplenectomia por via aberta, com incisão abdominal maior, visando maior controle da hemorragia.
A remoção do baço compromete parte da defesa imunológica do organismo. Por isso, em casos de esplenectomia eletiva, recomenda-se a vacinação prévia contra microrganismos encapsulados, como:
• Pneumococo
• Haemophilus influenzae tipo B
• Meningococo
Essas vacinas devem ser administradas idealmente com pelo menos duas semanas de antecedência à cirurgia, conforme recomendações da Society of American Gastrointestinal and Endoscopic Surgeons.
Após a cirurgia, o paciente passa por observação na sala de recuperação anestésica. Em casos específicos, como em pacientes idosos ou com comorbidades, pode haver necessidade de internação em UTI por 24 horas.
O retorno à dieta oral leve costuma ocorrer já no primeiro dia de pós-operatório. A deambulação é incentivada de forma gradual e assistida.
A alta hospitalar pode ocorrer em até 48 horas, dependendo da evolução clínica. Em casa, o paciente deve seguir os cuidados com os curativos, manter o uso de micropores sobre as incisões e evitar esforços físicos por pelo menos 60 dias, incluindo carregar peso ou praticar esportes.
A maioria dos pacientes apresenta boa recuperação. Atividades leves do dia a dia, como caminhar e subir escadas, geralmente podem ser retomadas com cautela nos primeiros dias. O retorno ao trabalho depende da recuperação individual, mas muitos pacientes já estão aptos em cerca de uma semana, desde que não exerçam atividades fisicamente exigentes.