A fundoplicatura é um procedimento cirúrgico indicado no tratamento da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), considerada a condição esofágica mais prevalente na população.
A DRGE ocorre quando o conteúdo do estômago retorna de forma anormal para o esôfago, provocando sintomas como azia, queimação e regurgitação, além de causar inflamações e lesões esofágicas. Esse refluxo acontece geralmente por disfunção na válvula inferior do esôfago, estrutura que deveria impedir o retorno do conteúdo gástrico.
Com o tempo, e dependendo da intensidade do refluxo, o paciente pode desenvolver complicações como esofagite grave, estenoses, úlceras e alterações celulares como o esôfago de Barrett.
Quando a fundoplicatura é indicada?
A fundoplicatura é considerada quando há falha ou intolerância ao tratamento clínico, ou ainda nos seguintes cenários:
• Presença de complicações, como esofagite intensa, estenoses ou alterações celulares;
• Necessidade de tratamento contínuo com medicamentos potentes, especialmente em pacientes jovens;
• Intolerância ou contraindicação ao uso prolongado de inibidores de bomba de prótons;
• Evidência, por exames como a pHmetria, de exposição ácida anormal no esôfago;
• Presença de hérnias hiatais volumosas ou hérnias paraesofágicas.
• Persistência de sintomas apesar do uso correto de medicamentos;
A cirurgia tem como objetivo reconstruir uma válvula funcional na transição entre esôfago e estômago, reduzindo os episódios de refluxo.
A técnica mais comum é a fundoplicatura a Nissen, na qual o fundo gástrico é mobilizado e suturado ao redor da porção terminal do esôfago, formando uma válvula de 360 graus. Também podem ser utilizadas técnicas parciais, que envolvem menor extensão do fundo gástrico ao redor do esôfago (240 a 270 graus), em casos específicos.
Quando existe associação com hérnia de hiato, realiza-se também a hiatoplastia — o fechamento do hiato esofágico para reforçar a barreira antirrefluxo. Em hérnias volumosas, pode ser necessário o uso de telas cirúrgicas. Recentemente, uma abordagem inovadora com uso de toxina botulínica (botox) na parede abdominal tem sido utilizada de forma pioneira para facilitar a correção de hérnias de hiato gigantes.
Nos primeiros dias após a cirurgia, recomenda-se dieta líquida e adaptação progressiva da alimentação. Atividades físicas intensas e esforços que envolvam pressão abdominal devem ser evitados.
A principal queixa no pós-operatório imediato costuma ser a dificuldade para engolir, geralmente transitória, causada pelo inchaço local.
Outros sintomas possíveis incluem distensão abdominal, sensação de empachamento e dificuldade para eructar. A maioria desses sintomas se resolve com o tempo e com a reeducação alimentar pós-operatória.
