Gastrectomia

O que é gastrectomia e quando ela é indicada?

A gastrectomia é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção parcial ou total do estômago. Suas principais indicações são:

• Câncer gástrico

• Úlceras gástricas complicadas

• Obesidade severa (cirurgia bariátrica)


Indicações oncológicas

A gastrectomia com ressecção linfonodal é o tratamento padrão para o câncer gástrico localizado, especialmente em tumores avançados que acometem linfonodos regionais. Em alguns casos, realiza-se previamente um lavado peritoneal por videolaparoscopia, com o objetivo de coletar líquido da cavidade abdominal para investigação de células tumorais disseminadas. Essa etapa auxilia na definição da conduta terapêutica. Participamos de um estudo que demonstrou a importância desse procedimento na avaliação pré-operatória do câncer gástrico.

Indicações benignas

A gastrectomia também pode ser indicada em situações como:

• Úlcera gástrica perfurada

• Hemorragia gástrica de difícil controle

• Obstrução de saída gástrica (piloro-duodenal)

• Falha ao tratamento clínico de úlceras gástricas recorrentes

Indicação em casos de obesidade

Na obesidade severa, a gastrectomia vertical (sleeve gástrico) é uma das técnicas cirúrgicas mais utilizadas. Consiste na remoção de parte do estômago, promovendo redução de volume gástrico e alterações hormonais favoráveis à perda de peso.

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), a cirurgia bariátrica é indicada em pacientes com:

• IMC ≥ 40 kg/m², ou

• IMC ≥ 35 kg/m² com comorbidades associadas à obesidade, como diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão, entre outras.


Estudo recente que realizamos evidenciou que a gastrectomia vertical apresenta resultados comparáveis ao bypass gástrico no controle da esteatose hepática (gordura no fígado), uma condição comum em pacientes com obesidade.

Como a gastrectomia é realizada?

O tipo de ressecção depende da localização e extensão da doença:

• Gastrectomia distal: remoção da porção inferior do estômago. O trânsito é reconstituído com uma anastomose entre o estômago remanescente e o intestino delgado.

• Gastrectomia total: remoção completa do estômago. O esôfago é então anastomosado diretamente ao jejuno (intestino delgado) por meio de um Y de Roux.


Nos casos de câncer avançado, pode ser necessária a ressecção combinada com outros órgãos, como esôfago, pâncreas ou cólon, dependendo da invasão tumoral. A cirurgia pode ser feita por via videolaparoscópica, com diversas vantagens em relação à via convencional, como:

• Menor dor pós-operatória

• Redução no tempo de internação

• Menor sangramento intraoperatório

• Recuperação mais rápida

• Menor índice de complicações


Como é o pós-operatório da gastrectomia?

A recuperação após a gastrectomia exige cuidados intensivos, especialmente com a nutrição e a adaptação alimentar. Entre os sintomas e efeitos mais comuns, destacam-se:

• Perda de peso

• Náuseas e vômitos

• Dificuldade para engolir (disfagia)

• Refluxo

• Deficiências nutricionais (ferro, vitamina B12, cálcio, proteínas)

• Alterações emocionais e comportamentais



O acompanhamento multidisciplinar, com nutricionista, psicólogo e equipe médica — é fundamental para garantir boa qualidade de vida no pós-operatório e evitar complicações.