A hemorroidectomia é o procedimento cirúrgico indicado para o tratamento de hemorróidas sintomáticas que não respondem às abordagens clínicas ou minimamente invasivas. Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia, as hemorroidas são estruturas vasculares presentes normalmente na região anal. No entanto, quando causam sintomas como dor, sangramento ou trombose, passam a ser consideradas uma condição patológica chamada doença hemorroidária. A hemorroidectomia pode envolver a remoção total das hemorroidas ou técnicas que visam seu reposicionamento e controle do fluxo sanguíneo, dependendo do caso clínico e da indicação médica.
A cirurgia é reservada para casos mais graves ou persistentes, especialmente quando:
• Há falha no tratamento clínico (com pomadas, banhos de assento ou ligaduras elásticas);
• O paciente apresenta sintomas intensos e recorrentes, como dor, sangramento e prurido;
• Ocorrem tromboses hemorroidárias frequentes, com formação de coágulos e dor intensa;
• Há prolapso hemorroidário de repetição, prejudicando a evacuação e a qualidade de vida;
• A hemorroida torna-se exteriorizada permanentemente, dificultando a higiene local.
Além disso, hemorroidas de longa duração ou uso prolongado de medicamentos sem melhora clínica também podem justificar a indicação cirúrgica.
Existem diferentes técnicas cirúrgicas para o tratamento das hemorroidas. A escolha depende da gravidade do caso, da anatomia do paciente e da experiência do cirurgião. As principais abordagens são:
1- Hemorroidectomia convencional.
É a técnica mais tradicional. Consiste na remoção direta das hemorroidas por meio de incisão cirúrgica. O procedimento pode ser realizado com tesoura, bisturi elétrico, pinça térmica ou laser.
Após a excisão, o local pode ser suturado ou deixado aberto para cicatrização espontânea, conforme o caso.
2- Hemorroidopexia mecânica (PPH).
Também conhecida como técnica do grampeador circular, reposiciona as hemorroidas internas em seu local anatômico original, promovendo sua fixação e interrompendo o suprimento sanguíneo.
É indicada principalmente em casos de prolapso mucoso e oferece recuperação mais rápida e menos dor pós-operatória, embora não seja adequada para todos os tipos de hemorroidas.
3- Desarterialização hemorroidária (THD).
É uma técnica minimamente invasiva guiada por Doppler. O cirurgião localiza as artérias que irrigam as hemorroidas e realiza a sua ligadura, reduzindo o volume e os sintomas.
É menos dolorosa e apresenta boa taxa de sucesso em hemorróidas internas de graus II e III.
A recuperação pode variar de 2 a 6 semanas, dependendo da técnica utilizada. Os principais cuidados incluem:
• Higiene local rigorosa, com banhos de assento e limpeza suave;
• Uso de analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor;
• Dieta rica em fibras e boa hidratação para prevenir constipação;
• Evitar esforço evacuatório nas primeiras semanas;
• Retorno gradual às atividades habituais, conforme orientação médica.
É comum ocorrer pequeno sangramento nas evacuações durante a cicatrização, o que não costuma ser motivo de alarme.
Nem todos os pacientes com hemorroidas precisarão de cirurgia. A avaliação médica especializada é fundamental para definir a melhor abordagem terapêutica. Com os avanços das técnicas cirúrgicas, a hemorroidectomia tornou-se menos invasiva, com menor tempo de internação, menor dor no pós-operatório e retorno mais rápido às atividades habituais.